Olinda é a terra dos bonecos gigantes, que alegram o carnaval; Belo Horizonte é a casa do Giramundo, premiada companhia de teatro de bonecos que já existe há 38 anos. Mas o Rio também cultiva essa tradição e, para fortalecê-la, foi organizada nesse mês de janeiro a Mostra Rio Bonecos, na Cia de Teatro Contemporâneo. Diferentes grupos dedicados a criar histórias que têm como personagens bonecos de distintos tamanhos e materiais (madeira, pano, isopor, papel machê) se encontram até o fim do mês na sede da companhia, em Botafogo. Lá, apresentarão seus espetáculos - e não só para crianças.
Maria Madeira, bonequeira há 21 anos, com passagens por Olinda e por Barcelona, onde concluiu seu mestrado sobre o tema, garante que o gênero é para todos. "Os adultos curtem tanto quanto as crianças", diz. Ela leva ao palco 'Separação', que narra a vida de Jorge, um homem recém-divorciado; e Rosalva, a 'Vida Como Um Filme', comédia sobre uma mulher muito bem resolvida; além de duas infanto-juvenis. Maria se apresenta com três outras manipuladoras, integrantes de sua Companhia de Títeres Bonecos de Madeira.
Marta Castilhos estará na mostra com "Chapeuzinho Vermelho", em que usa bonecos de vara simples. Gaúcha, ela deixou o teatro amador há 30 anos, quando se deixou enfeitiçar pelo o universo dos bonecos. Logo descobriu que é difícil manter unido um grupo, então criou a Companhia Dengolengo no estilo ‘bloco-do-eu-sozinho’. O mesmo fez Dircéa Damasceno, professora de inglês que começou como contadora de histórias e passou a produzir seus bonecos quando se aposentou, em 2002. Ela confeccionou um tapete por onde os pequenos personagens transitam.
A mostra tem por objetivo de longo prazo ampliar os espaços destinados à apresentação de peças com bonecos, restritas a lugares alternativos. "São poucos teatros e muitas produções", afirma Dinho Valadares, diretor da Cia Teatro Contemporâneo. "Existe uma demanda grande por este tipo de espetáculo". Ele quer tornar a mostra anual.
Apesar do trabalho desenvolvido pelo bonequeiro militante Sergio Biff, que toca a Associação Rio de Teatro de Bonecos, o gênero segue desvalorizado, acreditam os titereiros. "É uma injustiça o teatro de bonecos ser considerado algo menor, um teatrinho", diz Maria Madeira. A paixão é o que motiva essa trupe. "Quem trabalha com boneco é viciado", brinca Juliana Werneck, cenógrafa que montou junto com o marido, Michel Sousa, Preserpina: O Primeiro Feitiço. "O que encanta no boneco é a proximidade com o real. Às vezes parece que você está vendo ele respirando", opina a atriz e manipuladora mineira Vanessa Lobo, da Companhia de Títeres Boneco de Madeira.
Da Agência Estado
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